Entre os clássicos do sionismo, "O Estado Judeu" de Theodor Herzl, ocupa um lugar único. Sua grandeza não reside em sua originalidade. Ela pode ser atribuída em parte à época de seu surgimento, nos tensos dias do "caso Dreyfus," que fez aflorar repentinamente o problema judaico na mente de muitos correligionários que já haviam esquecido da sua existència. Também pode ser atribuída à simplicidade de sua formulação, atrás da qual, todavia, é percebida uma força fundamental. Mas a causa mais poderosa do èxito era a personalidade do autor, que transborda das páginas do "O Estado Judeu." Já desde o princípio de sua carreira sionista, quando ainda se dedicava ao estudo da questão na solidão de seu gabinete, completamente ignorante dos outros que também se viam perplexos perante o mesmo problema, um sentimento de missão e vocação deve tè-lo invadido, já oprimido pela carga que teve que suportar até o último dia de sua vida.. Hezl escreveu mais tarde: "Não lembro jamais haver escrito alguma coisa num estado de ânimo tão elevado como este livro. Heine dizia que escutava o bater das asas de uma águia sobre sua cabeça, quando escrevia certos versos. Eu tinha uma sensação parecida ao escrever esse livro. Trabalhei nele dia após dia, até me sentir exausto." Algo desse espírito exaltado e sentido de predestinação deve ter sido comunicado às centenas de pessoas de todos os países, ambientes e opiniões, que em resposta ao seu chamado, se reuniram em Basiléia no Primeiro Congresso Sionista, dois anos após a publicação do "O Estado Judeu." Herzl jamais perdeu sua fé naquilo que expressou nas últimas linhas: "Creio que uma maravilhosa geração de judeus surgirá para a vida... Os judeus que quiserem terão seu Estado. Poderão viver, finalmente, como homens livres em seu próprio solo, e morrer em paz em seus lares."